Cistite Intersticial

VISÃO GERAL

A cistite intersticial é definida pela presença de dor suprapúbica crônica relacionada ao enchimento vesical, frequência e urgência miccional alteradas na ausência de infecção urinária ou outras desordens.

É mais prevalente em mulheres com uma relação estimada em 10 mulheres para 1 homem.

CAUSAS

A etiologia da cistite intersticial tem cunho multifatorial. A teoria mais aceita é a que põe áreas permeáveis no urotélio(camada mais interna da bexiga) levando a ativação de células de defesa e à inflamação.

Esse fato culminaria em dor vesical crônica e sintomas miccionais. Também a hipótese da produção de óxido nítrico e substância P que estimulariam fibras nervosas álgicas produzindo dor.

A dor é o sintoma mais frequente e está presente em até 100% dos pacientes ao longo da evolução da doença.

Habitualmente a dor supra púbica e relacionada ao enchimento vesical, porém os pacientes podem referir dor em toda a pelve, vagina, abdômen e região lombar.

Além disso, a dor pode piorar após a ingestão de determinados alimentos e bebidas ou melhorar com esvaziamento vesical. Sintomas relacionados a diversas síndromes sistêmicas podem estar presentes uma vez que é frequente a associação de cistite intersticial com outras condições médicas como fibromialgia, depressão, ansiedade, síndrome do cólon irritável, síndrome do pânico etc..

A cistite intersticial apresenta grande impacto negativo na qualidade de vida dos pacientes com interferência significativa na vida social e profissional. Pacientes portadores de cistiteintersticial tem mais depressão, dor inguinal,disfunções do sono, estresse e outros transtornos psicológicos.

DIAGNÓSTICO

O diagnóstico da cistite intersticial é basicamente de exclusão, levando-se em consideração as características dos sintomas, os dados de exames laboratoriais, exames de imagem, urodinâmica, cistoscopia e biópsia vesical.

A utilização de um amplo arsenal propedêutico é fundamental para afastar outras possíveis patologias e verificar a presença de critérios que auxiliam na definição do diagnóstico de cistite intersticial.

A cistoscopia é um importante exame da propedêutica de pacientes com suspeita de cistite intersticial.

Tal exame pode evidenciar glomerulações e Úlceras de Hunner que fazem parte dos critérios diagnósticos de cistite intersticial.

TRATAMENTO

Em função da limitada compreensão da fisiopatologia da cistite intersticial não há tratamento padrão e definitivamente eficaz para a maioria dos pacientes. Com isso, o objetivo terapêutico é o controle dos sintomas e a melhora da qualidade de vida.

Muitas vezes o tratamento necessita de atenção multidisciplinar, envolvendo outras especialidades médicas como a clínica da dor, psiquiatria, ginecologia além de outras áreas da saúde como a fisioterapia e a psicologia.

O tratamento medicamento oral poderá ser realizado com analgésicos comuns (dipirona e paracetamol) porém frequentemente há a necessidade da associação de opióides fracos (codeína) e eventualmente opióides mais potentes (tramadol ou morfina).

Os antidepressivos amitriptilina e fluoxetina podem ser utilizados.

Outros medicamentos que podem ser utilizados são a cimetidina, hidroxizina,gabapentina, pentosanpolisulfato, oxibutinina e prednisona.

Destaca-se também o tratamento intravesical com aplicação de medicamentos locais.

PERGUNTAS FREQUENTES

O principal sintoma da cistite intersticial é a dor que está relacionada a maior parte dos casos com o processo de enchimento vesical. Frequência urinária aumentada e urgência miccional também são sintomas comuns.

O diagnóstico da cistite intersticial é basicamente de exclusão (afastar outras doenças que poderiam simular a cistite intersticial) como o câncer vesical, cálculos, processos inflamatórios etc...

A história clínica detalhada é o primeiro passo na elucidação.

A cistoscopia poderá fornecer dados importantes para o firmamento do diagnóstico.

Inúmeros tratamentos podem ser utilizados e devem ser iniciados pela forma mais conservadora e menos invasiva a fim de alcançar uma qualidade de vida mínima para o paciente exercer suas atividades cotidianas. As opções terapêuticas vão desde medicamentos orais passando por tratamentos locais até cirurgia em último caso.

É possível que os sintomas retornem mesmo após um longo período de remissão. Torna-se importante que o paciente permaneça em acompanhamento com urologista e que adote medidas para evitar situações que desencadeiem os sintomas como estresse, alimentos específicos etc...